COM RELAÇÃO ÀS BRIGAS DE TORCIDAS

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Quando um homem briga, uma série de transformações ocorre em seu organismo: adrenalina e dopamina são liberadas em grande quantidade para preparar o corpo para a situação de confronto. As pupilas dilatam, o coração e a respiração aceleram, as veias se contraem e a pressão aumenta, os músculos se enrijecem e a quantidade de glicose aumenta no sangue. Além disso, a endorfina também é derramada no corpo, causando sensação prazerosa e viciante.

Essas reações estão ligadas ao reflexo primitivo de fuga ou luta que nos permitiu sobreviver ao longo do tempo – e são as mesmas reações que acontecem quando se pratica esportes radicais, por exemplo.  Em outras palavras: brigar é bom! E essa é a primeira noção cujo entendimento é importante.

Algumas pessoas praticam esportes para relaxar, outras fazem sexo, outras usam drogas… e outras brigam. Simples assim.

Uma vez que nem todas as pessoas são capazes de praticar esportes radicais, entrar em uma briga também não é atraente para a maioria. No entanto, para indivíduos com tendências violentas, essa pode ser uma intensa fonte de prazer.

Você com certeza conhece alguém mais agressivo do que o normal que se envolve em confusões com facilidade. Esses tipos não são raros e estão espalhados por aí. Torcidas organizadas são apenas os locais onde pessoas com esse perfil se reúnem, formando um clã que potencializa suas características individuais.

Brigas entre torcidas não tem absolutamente nada haver com situações passionais de um jogo, são ações sistematizadas e previamente planejadas que se repetem, e se repetem, independente do lugar ou da situação.

A violência é um estilo de vida para essas pessoas – e esta é a segunda noção cujo entendimento é essencial. Assistam ao filme “Green street hooligans” e terão uma vaga noção de como as coisas funcionam. Enquanto tentarem associar as brigas à paixão pelo esporte, estarão fazendo exatamente o que essas pessoas querem: elas usam o futebol como escudo para praticar ações que são socialmente inaceitáveis sem ter que pagar por elas. Estão se escondendo atrás das instituições.

Se algum dia o futebol acabar, irão brigar por vôlei, e depois por críquete, e depois por jogo de bolinhas de gude. A razão não é o jogo, é o prazer da prática violenta.

A verdadeira solução passa por punição individual exclusiva. Não adianta punir o país, o clube, ou a própria instituição da torcida organizada. São todos bode expiatórios para acobertar um comportamento padrão, apenas isso. A violência nos estádios não é reflexo de uma crise no esporte: é reflexo de uma crise Moral, acima de tudo.

 

 

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por Henrique Mazorque, médico, fã de futebol e colaborador de ManhoodBrasil.

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