Todo mundo tem pelo menos um hábito de estimação do qual gostaria de se livrar. Pode ser roer a unha, não fazer atividades físicas, comer em excesso, viver pendurado no celular, assistir TV demais ou até mesmo não ter dinheiro – sempre existe um hábito que, se pudesse, você daria um jeito nele.
Quando falamos de hábitos, a raiz do problema está no fato de você sequer pensar que pode ser capaz de livrar-se dele. Depois de tantas tentativas frustradas, quem diz que será diferente dessa vez? Você se acomoda e termina deixando pra lá.
O lance é que você NUNCA pensou ser capaz de mudar de verdade. Sim: NUNCA. Suas tentativas foram sempre abastecidas pelo ânimo da tentativa em si, não pela meta do sucesso. Você queria colocar no bolso uma desculpa: “Ah, mas eu já tentei…” e escapar de fininho com ela.
Se você acha que autopiedade funciona, ótimo. Continue no pântano das desculpas para ver onde isso leva. Mas tenho que dizer: é possível mudar um hábito, sim. Para mudar, você precisará de todas as suas forças. Não faça corpo mole! Coloque o foco onde você quiser e mude.
Para facilitar sua vida, preparei uma lista com 10 passos para promover uma mudança. Você não precisar seguir todos os passos, mas eles oferecem um roteiro razoável. Pronto para a receita de bolo? Vamos lá:
- TENHA UMA MOTIVAÇÃO GIGANTE. Muitas vezes, o problema está no modo como você encara o desafio: “É, seria bom malhar 3 vezes na semana…”. Essa frase não traduz uma motivação gigante. Melhore seus motivos. Malhar lhe garantirá mais anos de vida e mais qualidade de vida em cada dia nesses anos. Conecte-se de maneira poderosa com sua motivação. Visualize-se com os resultados e escreva sua motivação na porta da geladeira, no alarme do seu celular, na sua agenda ou em uma tatuagem colorida no meio da testa.
- TENHA UM COMPROMISSO GIGANTE. Agora que você tem sua motivação, comprometa-se com ela. Fale com seus amigos e parentes a respeito. Peça ajuda e comente regularmente sobre seu progresso. Entre de cabeça.
- ATENÇÃO COM OS GATILHOS. Quais situações servem de gatilho para o hábito que você quer se livrar? Em geral, o hábito não acontece do nada: ele é desencadeado por alguma outra coisa ou pessoa. Você se joga no sofá quando chega do trabalho e isso tira sua motivação para dar uma corrida, ou descarrega sua tensão comendo demais, ou fica horas em sites pornôs quando está sozinho em casa, ou passa a maior parte do seu tempo livre pendurado em redes sociais. Observe-se durante alguns dias e anote os gatilhos que disparam o hábito. Faça uma lista destes gatilhos e fique atento com eles.
- CONHEÇA AS MULETAS. Um hábito existe por um motivo: ele atende alguma necessidade sua, concedendo algum tipo de ajuda que você ACHA que precisa – seja para não se sentir sozinho, aliviar o estresse, atenuar uma tristeza, livrar-se do tédio, melhorar sua autoestima ou para sentir-se parte de um grupo. Identifique que tipo de apoio aquele hábito parece ofertar e desenvolva outras ferramentas para substituir essas muletas.
- ARRUME UM SUBSTITUTO PARA CADA GATILHO. O que você faz quando se estressa? Se o estresse é um gatilho para um determinado hábito que você NÃO quer mais, não basta NÃO responder ao gatilho: é preciso que você desenvolva um hábito novo para associar àquele disparo. Tirar as muletas do sujeito com as pernas quebradas não ajudará muito, a menos que você as substitua por outra forma de auxílio. Pense em um bom hábito para ajudar nos momentos de estresse. “Tá nervoso? Vai pescar!”, saca?
- RETARDE A URGÊNCIA. O velho mau hábito irá se colocar na sua frente de novo e de novo, sempre que o gatilho aparecer. Ele irá criar um senso de urgência para si e você irá tropeçar se agir sem pensar antes. Aprenda a reconhecer esse sentimento. Quando a urgência se apresentar, simplesmente respire fundo e sente-se, enquanto observa aquela sensação crescer e então desaparecer.
Crie mecanismos de retardamento: se a ansiedade faz você procurar refúgio na comida, então antes de atender ao chamado da geladeira, que tal colocar algumas roupas para lavar, ou organizar suas gavetas, ou lavar a louça, ou arrumar alguns documentos naquela gaveta, ou fazer qualquer outra coisa mais útil? Saia de casa e dê uma caminhada. Afasta-se da situação. A urgência irá desaparecer se você der a ela o tempo necessário para isso.
- PRATIQUE O NOVO HÁBITO. Sem esforço consciente da sua parte, nada irá funcionar. É preciso que você mantenha a guarda. Sempre que o gatilho aparecer, pense no plano que fez sobre como agir naquela situação. Se acontecer de voltar ao mau hábito, peça desculpa a si mesmo e retome sua meta. Consistência é o nome desse jogo. Seja consistente, persista, e o novo hábito saudável logo irá substituir o antigo hábito doente.
- VIGIE SEUS PENSAMENTOS. Seres humanos adoram justificar os maus hábitos com bons pensamentos. É o que os psicólogos chamam de Racionalização ou Viés de Confirmação. Não seja condescendente, não fique justificando suas melecas. Vigie suas ideias e não acredite nessas desculpas.
- SEJA GRADATIVO. Comece com uma caminhada de 10 minutos, ou corte as massas da sua dieta. Vá passo a passo, semana a semana. Fatiando o problema em pequenas unidades facilita a conquista de cada uma delas – ao mesmo tempo em que aumenta a sensação e a chance de sucesso.
- APRENDA COM OS ERROS. Um deslize não é demérito algum, desde que ele produza aprendizado e o aprendizado se manifeste em atitudes positivas. A mudança requer tempo e empenho. Alguns equívocos podem ser ferramentas para você melhorar seu método e continuar avançando com mais eficácia. Reconheça que errar é humano, mas você não precisa ser mais humano que os outros.
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