TESTOSTERONA: SÉRIE ESPECIAL – PARTE 2 – VOCÊ ESTÁ SABOTANDO SEU CORPO?

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Cada indivíduo possui níveis próprios de testosterona: os limites de normalidade variam bastante, indo de 250-900 ng/dL ou 300-800 ng/dL (dependendo do padrão do laboratório) para homens entre 19 e 39 anos de idade.

A partir dos 30 anos, a produção de testosterona diminui cerca de 2% ao ano. Todavia, nos últimos tempos, essa redução parece estar ocorrendo de modo mais rápido e mais acentuado. O ambiente, a cultura e a dieta moderna têm diminuído artificialmente nossos níveis de testosterona– e isso vem acontecendo em idades cada vez mais tenras.

Estudos mostraram que a população masculina apresenta níveis de testosterona 15 a 20% menores que há 15 anos. Um cidadão nascido na década de 1970, por exemplo, tem 20% menos testosterona aos 35 anos de idade que um homem da geração do pai dele quando estava na mesma faixa etária.

É impossível salientar o suficiente o papel desta substância para um homem. Talvez baste dizer que é a testosterona que faz um sujeito sentir-se um HOMEM.

Cientificamente, está comprovado que a testosterona:

  • Melhora sua energia física e mental
  • Aumenta seu instinto de competição
  • Aumenta o tamanho e a força dos seus músculos
  • Acelera seu metabolismo
  • Tem um papel na prevenção de Alzheimer e demência senil
  • Evita a disfunção erétil
  • Aumenta a libido (a testosterona é a única substância afrodisíaca reconhecida pela ciência).

COMO A DEFICIÊNCIA DE TESTOSTERONA SE MANIFESTA?

As manifestações da deficiência de testosterona em homens adultos podem ser extremamente variadas e insidiosas, e exatamente por isso costumam ser confundidas com outros problemas de saúde.

Uma vez que este hormônio participa diretamente do funcionamento sexual, os sintomas de deficiência incluem diminuição do apetite sexual, menos ereções noturnas e infertilidade. Também podem ser observados:

  • Atenuação dos caracteres sexuais masculinos
  • Infertilidade
  • Diminuição da vitalidade
  • Irritabilidade fácil
  • Dificuldade de raciocínio
  • Memória fraca
  • Perda da densidade mineral óssea
  • Redução da força física
  • Crises de calor
  • Sono de má qualidade
  • Aumento dos acúmulos localizados de gordura (especialmente na região do abdome)
  • Depressão (20% dos homens com deficiência de testosterona sofre com depressão severa).

O QUE PODE ESTAR DIMINUINDO SUA TESTOSTERONA?

Várias situações podem comprometer sua produção hormonal, indo desde causas médicas como doenças no fígado, diabetes, alcoolismo, inflamação dos testículos (orquite) por caxumba, traumatismos, hipotireoidismo, anemia, insuficiência renal, artrite reumatoide, enfisema pulmonar, problemas no funcionamento da hipófise, uso de maconha, remédios e até causas aparentemente inocentes.

Entre os vilões mais comuns que você talvez não tenha prestado atenção, merecem destaque:

IDADE. Os níveis de testosterona diminuem com o tempo. Por exemplo: por volta dos 75 anos de idade, seu corpo estará produzindo 60% menos Pregnenolona que aos 30 anos.

ESTRESSE. Quando desafiado por um estado de estresse, o corpo tem que tomar uma decisão sobre qual hormônio produzir: testosterona ou cortisol? Como o segundo é mais útil nesse cenário, é a testosterona quem sai perdendo. O estresse é um dos grandes inimigos dos hormônios masculinos.

Qualquer coisa que provoque estresse nas suas suprarrenais irá diminuir a produção de Pregnenolona e, consequentemente, a síntese de testosterona: raiva ou medo em excesso, depressão, sentimentos persistentes de culpa, cirurgia, infecções ou inflamações crônicas, sono insuficiente, temperaturas extremas, exposição a substâncias tóxicas, deficiências nutricionais.

Além disso, o estresse aumenta a produção de cortisol, que por sua vez reduz a síntese proteica e consome as reservas de proteínas dos músculos.

EXERCÍCIOS ERRADOS. Exercícios de força e explosão (p.ex.: levantamento de pesos) aumentam a testosterona, mas exercícios de resistência (p.ex.: corridas de longa distância) diminuem os níveis do hormônio.

SONO INSUFICIENTE. Em muitos homens com baixos níveis de testosterona, o sono insuficiente é a causa principal do problema. O aumento dos níveis de testosterona durante o sono requer pelo menos 3 horas de sono de boa qualidade.

ALIMENTAÇÃO RUIM . A deficiência de vitamina A pode resultar em níveis baixos de testosterona no sangue. Suplementos de vitamina D entre 400–1000 UI/dia (10–25 µg/dia) elevam a testosterona. A deficiência de zinco diminui a testosterona, as a suplementação excessiva de zinco não possui qualquer efeito sobre a testosterona livre em seu sangue.

Muitos alimentos são ricos em estrógenos e podem mexer com o equilíbrio entre hormônios femininos e masculinos em seu corpo: uma taça de vinho contém 0.5–2 μg de equivalentes de estrógenos, e leite e derivados podem responder por mais de 70% dos estrógenos que você ingere na sua dieta. Dentro do que for possível, procure evitá-los.

A Soja, ao contrário dos mitos e crenças populares, não tem o potencial de afetar significativamente seus níveis de testosterona.

JEJUM INTERMITENTE. Em termos de alimentação ruim, este assunto – jejum intermitente – merece um tópico à parte.

Muitos praticantes de fisiculturismo (profissionais e amadores) apostam nesta técnica como um modo de aumentar os níveis de testosterona. O jejum intermitente pode ser feito de várias maneiras: concentrando todas as refeições em uma janela de 8 horas, ou passando 24 horas ingerindo apenas água ou – o método mais comum – simplesmente pulando o café da manhã.

Muitos sites e textos que defendem o jejum intermitente como um truque para aumentar a testosterona fazem isso baseados em um estudo realizado em 1989, em Estocolmo (Suécia). Nele, investigaram os efeitos do jejum intermitente no eixo HHT de 9 homens obesos (IMC igual ou superior a 39) e observaram que o jejum era capaz de aumentar a produção de LH em 26%, mas isso não foi capaz de produzir um aumento equivalente da testosterona.

Como grupo controle, os pesquisadores utilizaram 8 homens não-obesos (IMC médio de 22,2) e observaram que, nestes, o jejum intermitente produziu um aumento de 67% no LH e de 180% na testosterona.

Existem dois detalhes importantes com respeito a este estudo sueco: primeiro, a amostra é muito pequena (N = 17 pacientes).  Em segundo lugar, ele mostrou que os níveis de testosterona se elevam apenas se você for magro (IMC igual ou inferior a 22). Paciente obesos submetidos a jejum intermitente não respondem com aumento da testosterona.

Curiosamente, um outro estudo conduzido pelo mesmo autor (Sven Rojdmark, do Departamento de Endocrinologia e Diabetologia do Hospital Karolinska) e publicado em 1987 mostrava um efeito oposto: ao investigar 10 homens saudáveis e de peso normal submetidos a jejuns de 8h a 48h, Rojdmark observou uma redução de 22% dos níveis circulantes de glicose e de 8,7% nos níveis de testosterona. Os níveis sanguíneos de estradiol e FSH permaneceram inalterados. O autor concluiu que o jejum de curta duração possui um efeito inibidor sobre as células de Leydig, provavelmente via redução da atividade do eixo HHT. Este resultado é o inverso daquilo que ele defenderia 2 anos depois…

Em 2013, cientistas indianos investigaram a influência do jejum sobre a fertilidade e documentaram que o jejum intermitente de fato atua inibindo a atividade no eixo HHT.

Mais recentemente, em 2015, um time multinacional de cientistas envolvendo o Departamento de Ciências Biomédicas da Universidade de Padova e a Unidade de Ciências do Exercício e Esportes da Universidade de Palermo (Itália), A Federação Italiana de Fitness, o Departamento de Cinesiologia e Esportes da Texas Tech University (EUA), e a Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (Brasil), avaliou o papel do jejum intermitente sobre os níveis de testosterona em 34 atletas masculinos de resistência. Neste caso, o jejum intermitente foi determinado como a ingestão de 100% das calorias necessárias em uma janela de 8 horas a cada dia.

Após 8 semanas, o grupo sob jejum intermitente apresentou diminuição da massa gordurosa e nenhuma perda da massa muscular. Contudo, os níveis circulantes de testosterona, triiodotironina e de fator de crescimento tipo-insulina 1 diminuíram significativamente. Leia de novo: os níveis de testosterona diminuíram.

Alguns freqüentadores de academia e defensores do jejum intermitente como uma ferramenta para aumentar os níveis de testosterona fazem isso a partir de indícios indiretos e absolutamente não-científicos, constituindo uma procissão de argumentos de fé sobre o método. A verdade é outra: a prática de jejum intermitente não aumenta sua testosterona – ele diminui. Aprenda isso de uma vez por todas.

REMÉDIOS. Alguns remédios podem derrubar os níveis de testosterona. Abordaremos este assunto em pormenores adiante, na parte final desta série.

POUCA GORDURA NA DIETA. Dietas pobres em lipídios têm estado na moda há algum tempo. Apesar de ser recomendável reduzir a quantidade de gordura na sua alimentação, seja sensato: cortar completamente a ingestão de gordura irá diminuir sua produção de testosterona.

MUITA GORDURA NO CORPO. Homens com sobrepeso ou obesos apresentam níveis menores de testosterona no organismo. Estudos mostraram que 52% dos homens obesos apresentam deficiência de testosterona.

Se você acredita que está apresentando sintomas de baixos níveis de testosterona, seria recomendável procurar meios de aumentar a oferta do hormônio no seu corpo – e isso é possível.

 


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