A ESTUPIDEZ DOS VÍNCULOS FANTASIOSOS

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Não raramente, observamos um casal onde o amor parece ter se dissipado ao vento. Os dois eram perfeitos um para o outro, aparentemente envolvidos um relacionamento com tudo para dar certo, e então se afastaram e romperam a conexão para assombro de seus conhecidos.

A reflexão é inevitável: o que será que aconteceu? Seria possível fazer algo para manter intocado o brilho da paixão dos primeiros dias? Como impedir que a rotina ameace a atração, a admiração e a intimidade com ela?

De repente, isso já aconteceu com alguém que você conhece. Quem sabe, isso já aconteceu com você, por vezes demais. Em qualquer caso, vale a pena considerar a possibilidade de que o problema pode não estar na outra pessoa, mas em você mesmo.

Você pode estar sofrendo do Transtorno dos Vínculos Fantasiosos.

VÍNCULOS E FANTASIAS

Uma das causas mais comuns da perda do tesão e do brilho nos relacionamentos consiste na construção de “Vínculos Fantasiosos”. Este tipo peculiar de laço consiste em um delírio onde você pensa que ela é um objeto que lhe pertence.

Ao fabricar um relacionamento com esta premissa, você está substituindo a realidade que a outra pessoa é por uma construção do seu Ego.

Agora, sua parceira precisa ser quem você deseja que ela seja. Ela deve colocar-se à altura da sua fantasia – ou, do contrário, adeus relacionamento.

Os Vínculos Fantasiosos podem ocorrer em qualquer etapa da convivência. No começo, o casal em geral está relativamente bem aberto um ao outro. Todavia, em um dado momento, a insegurança pode brotar, os sentimentos de vulnerabilidade veem à tona e você inicia um mecanismo de proteção, fechando-se em si e retirando-se gradualmente da relação. Este afastamento não é uma ausência de amor, mas um escudo.

Quando o relacionamento envereda pelo caminho dos Vínculos Fantasiosos, o amor real vai sendo progressivamente substituído por um tipo de alegoria infantil, por um discurso superficial de “estar apaixonado”, até o ponto em que o casal, aterrorizado pelo medo da perda e retraído em suas defesas emocionais, não demonstra mais qualquer afeto ou apoio mútuo, e passar a interagir apenas na base das animosidades.

CONSTRUINDO BASES RESISTENTES

A saída para evitar o abismo dos Vínculos Fantasiosos e construir fundações robustas começa pelo reconhecimento deste padrão de comportamento.

Aprenda a identificar suas atitudes excessivamente defensivas. Quando você acha que está sendo ameaçador, na verdade está apenas sendo inseguro.

Comumente, os escudos fantasiosos do Ego costumam se apresentar em 7 padrões bem distintos, que podem surgir isoladamente ou associados. Esteja atento quando perceber que:

  1. SEUS DIÁLOGOS PRODUZEM REAÇÕES DE IRA AO INVÉS DE ASSIMILAÇÃO. A comunicação é a chave para qualquer relacionamento. Entretanto, quando criamos um Vínculo Fantasioso, nos fechamos para o diálogo verdadeiro. Quando o papo se inclina para temas incômodos que devem ser resolvidos, você responde com raiva, altera o tom de voz, dispara provocações e se fecha, cortando contato, tentando punir sua parceira por ter encostado o dedo em suas feridas. A saída: deixe as pirraças para as crianças. Cresça, seja um Homem e aprenda a comunicar-se.
  1. VOCÊ SE FECHA PARA NOVAS EXPERIÊNCIAS AO INVÉS DE ABRIR-SE PARA O MUNDO. A outra pessoa está ali para expandir o seu mundo, não para limitá-lo. Contudo, para que isso aconteça, é importante manter um senso de individualidade. No começo da paixão, costumamos estar bem abertos para novas experiências. Todavia, à medida que nos afundamos na lama dos vínculos fantasiosos, começamos a adotar práticas que nos enclausuram em hábitos bolorentos. Se você tem dito para ela coisas como: “Estou cansado de dizer que eu não gosto desse tipo de restaurante”, ou “Você sabe que todo sábado à noite nós assistirmos um filme”, saiba que seu apego à rotina está ferindo mortalmente o romantismo e a liberdade para compartilhar novos interesses, fomentando ressentimentos. A saída: nada cresce no vácuo. Não confine seu relacionamento: escancare-o para a atmosfera dos novos dias e das novas coisas.
  1. SEUS COMPORTAMENTOS SÃO INCONGRUENTES AO INVÉS DE SEREM ÍNTEGROS E HONESTOS. Você se queixa de que ela é descompensada e costuma arrumar confusão por nada. Tudo bem, pode ser que ela tenha algum transtorno psiquiátrico mesmo, mas será que as coisas que você anda FALANDO batem com as coisas que você anda FAZENDO? É, meu amigo: seu comportamento incongruente pode ser a causa da frustração raivosa dela. Porque comportamentos incongruentes contradizem tudo, eles representam uma fantasia de proximidade, são formas sem conteúdo, eles violam o contrato de confiança que deveria permear o vínculo entre vocês. A saída: ser honesto não significa dizer tudo na lata, mas dizer aquilo que importa com sinceridade. Defina suas intenções, reflita sobre seu grau de honestidade e suas motivações. Suas atitudes combinam com seu discurso? Repense.
  1. OS LIMITES SÃO SISTEMATICAMENTE DESRESPEITADOS. Você atropelou as fronteiras dela e formou um tipo de “identidade fundida”: “nós” se tornou seu pronome pessoal favorito. “Nós gostamos de fazer isso”, “Nós gostamos de tal cidade”, etc. O “eu” e o “você” desapareceram e, do modo mais displicente do mundo, você tomou conta e colonizou as vontades dela. Chegará o momento em que você estará fazendo unicamente as coisas que você gosta – sem perceber que não está dando a mínima se isso apetece a ela ou não -, e se surpreenderá quando ela se revoltar contra esse domínio silencioso. A saída: veja sua parceira como uma pessoa a parte. Ela não é você. Ela tem deleites e arbítrios próprios dela. Aprenda a identificar e respeitar atenciosamente este espaço e estimule-a. Isso não irá afastá-la de você, muito pelo contrário: esse tipo de consideração irá tornar você mais atraente aos olhos dela. Faça o teste.
  1. SUA FALTA DE ATENÇÃO FÍSICA, EMOCIONAL E SEXUAL É EVIDENTE. Nos vínculos fantasiosos, a ausência de demonstrações de afeto é gritante, e a sexualidade se torna tão impessoal e mecânica que pode desaparecer por completo. A saída: amplie seu autoconhecimento, leia, estude e dialogue com ela de maneira franca. O foco é permitir que sua sexualidade flua de modo mais espontâneo, sem as constrições das normas e expectativas às quais você criou tanto apego.
  1. VOCÊ SUBSTITUIU O DESEJO DE ENTENDIMENTO POR INCOMPREENSÃO. Em um vínculo fantasioso, você tende a enxergar sua parceira como alguém que ela tem de ser, ao invés do alguém que ela é. Você irá colocá-la em um pedestal, criando distorções e idealizações. E quanto mais desrespeitar os limites entre você e ela, mais você irá percebê-la como uma extensão automática de você mesmo, e começará a denegri-la, projetando nela as suas próprias qualidades negativas, taxando-a de crítica, agressiva, distante ou fria. A saída: em uma relação adulta, primeiro crie seus filtros, então você será capaz de ver a totalidade de sua parceira, tanto suas forças quanto suas fraquezas, e aprenderá a aceitar essas características como elementos precípuos na estrutura de uma pessoa completa. Não se permita criar uma caricatura negativa dela, salientando apenas os pontos fracos e sendo indulgente com suas críticas excessivas. Tampouco crie uma imagem endeusada e grandiloquente. Ela é uma pessoa, como você. Abra os olhos e enxergue a plenitude disso.
  1. AS INTERAÇÕES SE TORNAM UM JOGO DE MANIPULAÇÃO, DOMÍNIO OU SUBMISSÃO. Devido aos mecanismos de defesa do ego, é fácil enveredar em jogos infantis de manipulação em uma relação. Você tem seus prazeres e necessidades e quer satisfazê-los todos, sempre, e rápido. Vínculos fantasiosos são assim: um dos dois assume a fantasia de dominador e controlador, e o outro se restringe em atitudes passivas e submissas – e esses papeis podem ser invertidos dependendo do contexto. Por exemplo: você pode ser o dono do dinheiro dentro de casa, mas é ela quem controla a vida sexual do casal. Apesar dessa definição de personagens exatos passar uma sensação segurança, na verdade isso sabota a capacidade do casal de se relacionar como dois indivíduos em pé de igualdade. A saída: ela não tem o dever de ler seus pensamentos ou saber tudo que você quer. Defina, dentro das habilidades individuais, o que cada um vai cuidar, mas não torne esse mecanismo definitivo. Dancem dentro dele, alternem os papeis, e desenvolva a capacidade de manifestar seus desejos e expor seus sentimentos sem tentar dominar ou controlar todas as situações.

 

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