ISAAC NEWTON E O PROPÓSITO DO QUE VOCÊ FAZ

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Em 05 de julho de 1687, Isaac Newton (1643-1727) revolucionou o mundo com o lançamento de Princípios Matemáticos da Filosofia Natural. Muitos consideram Princípios o mais influente livro de ciências naturais já publicado. Particularmente, reservo este posto para o Novo Organum (1620), de Francis Bacon (1561-1626) – para mim, a obra mais extraordinária dos últimos 400 anos.

Certamente, a Inglaterra do século XVII era um local incrível. Além da lucidez de Francis Bacon e da precisão de Newton, havia ainda a sagacidade agitada de Robert Hooke (1635-1703).

Hooke tinha quase a mesma idade de Isaac Newton e uma inteligência talvez ainda maior. Além de ser responsável pela descoberta da célula, Hooke também formulou a teoria do movimento planetário e a lei da elasticidade, enunciou a lei da gravidade, inventou o relógio portátil de corda, a junta universal e o barômetro, aperfeiçoou a bomba de vácuo e identificou a primeira estrela binária.

Em 1672, bem antes que Princípios sequer fossem rascunhados, Newton publicou um artigo intitulado “Nova teoria sobre luz e cores” na revista Philosophical Transactions, da Royal Society de Londres.

Hooke leu e contestou o artigo com críticas duríssimas. Newton chegou a responder a alguns questionamentos, mas a insistência e a impertinência do treteiro Hooke levaram a paciência de Isaac ao limite, quase fazendo-o desistir por completo da investigação científica.

Três anos mais tarde, Hooke aceitou as teorias das cores de Newton e o convidou para uma troca de ideias por correspondência. Eventualmente, o temperamento difícil de Hooke voltaria à tona – tem gente que não aprende… – e o vínculo seria novamente perdido após uma série de desentendimentos.

Não obstante, em uma das primeiras cartas do fleumático físico para o pequeno irascível homem do microscópio, Newton escreveu para Hooke uma das mais belas frases que um cientista poderia ter escrito em todos os tempos! Um lembrete de por que meditamos sobre o que meditamos, por que estudamos o que estudamos, e por que escrevemos que escrevemos:

Fazemos isso para que as gerações seguintes usem os músculos de nossos braços, os registros de nossos conhecimentos e a pilha de nossos ossos e cheguem mais distante que nós – e, eventualmente, depositem neste novo horizonte seus próprios degraus para as gerações seguintes.

A imagem deste post apresenta um trecho da carta escrita de próprio punho por Isaac Newton e enviada para Robert Hooke em 1675.

Mais ou menos nos 2/3 finais da primeira página, em uma caligrafia uniforme de letras miúdas no papel amarelado, lê-se:

“Se enxerguei mais distante, foi porque me apoiei nos ombros de gigantes”. (Isaac Newton, 1675)

Simplesmente formidável.

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