MORALIDADE E CAPITALISMO – parte 5 de 7: O HUMANITARISMO

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Como mencionado anteriormente, os reformistas sociais enxergam na ganância e na ambição os traços mais detestáveis das entranhas capitalistas. Mas estas características ancestrais são inerentes à condição humana e jamais serão extintas. Qualquer sistema político e econômico terá que lidar com elas.

Os defensores do capitalismo gostam de salientar que ele é o sistema que mais atende às necessidades humanas dentro dos recursos limitados que temos: a teoria da eficiência do mercado afirma que cada transação é mutuamente benéfica (ou, caso contrário, não ocorreria), levando a proveitos recíprocos. Mas a movimentação de capital não necessariamente resulta em melhor saúde, melhor educação, melhor tecnologia ou avanço científico. Além disso, o livre comércio possui seus próprios demônios: a estagnação dos lucros, a acentuação das desigualdades, a concentração de renda e uma busca desenfreada por um sucesso baseado em recordes cada vez maiores. O balé da especulação financeira, uma das festas mais concorridas do capitalismo, não tem qualquer preocupação em ser humanitário – mas tampouco deveria ser punido de alguma forma por isso.

Uma economia eficiente, para servir realmente a uma causa humanitária, deveria ter alguma forma de regulação para direcionar a criatividade rumo à produção de benefícios reais. Sem este tipo de Consequencialismo Utilitarista, a Moralidade do sistema capitalista tem o sério risco de tornar-se apenas um teatro de hedonistas.

Leis humanitárias devem ser negativas (elas dizem o que não deve ser feito, ao invés do que pode ou deve ser feito), gerais (abstratas o suficiente para serem aplicadas em situações futuras) e permanentes (só devem ser modificadas quando conflitarem com outras leis de maior valor). Uma conduta justa, portanto, consistiria em agir de acordo com estas leis, e uma sociedade justa seria aquela que funcionasse em obediência a elas. O capitalismo acomoda bem esta noção de justiça: as instituições de propriedade privada e livre mercado, por exemplo, protegem a vida e a liberdade de todos, a despeito de seu nível social.

O debate Moral em torno do capitalismo deveria centrar-se então não em uma condenação completa e irreversível do sistema, mas em como manter um livre mercado garantindo eficiência econômica com dignidade humanitária e discussões honestas sobre as gafes do modelo.

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ManhoodBrasil Carreira & Finanças:

A Moralidade do Capitalismo

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