ONDE ESTÁ O DEBATE SOBRE O INFANTICÍDIO?

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De um modo geral, os homens são mais violentos que as mulheres: cerca de 85-90% dos condenados por homicídio são homens. Contudo, o fato dos homens cometerem mais violência é apenas um lado do problema que a ideologia de gênero faz questão de abordar, enquanto a discussão sobre o fato dos homens serem 10 vezes mais vítimas de assassinatos que as mulheres é convenientemente deixada de lado. Por que?

Que padrão de silêncio é este que se abate sobre uma sociedade que escolhe deixar um de seus grupos constituintes ser vítima de uma chacina, sem questionar-se sobre as razões ou agir honestamente na solução do fenômeno?

Onde está o debate sobre as legiões de policiais, soldados, trabalhadores civis, cidadãos comuns e crianças do sexo masculino que são trucidados mês a mês?

Ao digitar “violência infantil” no Google, das 32 imagens em que um adulto aparece acompanhando uma criança, apenas em uma delas este adulto é uma mulher – nas outras 31 ocorrências, o adulto é um homem. Pela sugestão dos resultados, os homens seriam responsáveis por 96% das agressões contra crianças.

Todavia, se buscar por “infanticídio”, não verá imagens de homens agredindo crianças. E também não verá imagens de mulheres fazendo o mesmo. Se são todos santos, então ninguém está fazendo coisa alguma errada? Não é bem isso que as evidências mostram…

OS NÚMEROS DO INFANTICÍDIO

Um estudo da Universidade de Brasília (UnB), utilizando como base dados do Serviço de Assessoramento a Juízos Criminais (Serav) de 2010, mostrou que 52,45% dos casos de maus-tratos contra crianças são praticados pelas mães das vítimas. Em 90% dos processos analisados, as crianças e os adolescentes haviam sido vítimas de espancamento, socos, tapas ou chutes.

Em um estudo avaliando as diferenças de gênero nos homicídios de neonatos, infantes e crianças com menos de 5 anos de idade na África do Sul, os pesquisadores descobriram que em 71% dos casos a mãe era o assassino.

Na Nova Zelândia, o estudo Family Violence Death Review mostrou que as mães matam mais crianças que qualquer outro grupo na sociedade – e os homens são vítimas de violência doméstica com uma frequência igual àquela observada entre as mulheres. A pesquisa neozelandesa desconstruiu a percepção popular de que “mulheres e crianças precisam ser protegidas dos homens”. Apesar deste foco de gênero ser um equívoco tremendo, ele tem sido persistentemente construído pela publicidade.

Números semelhantes foram encontrados pelo Departamento Americano de Saúde e Serviço Social:  71% das crianças mortas por um dos pais foi assassinada pela mãe – e em 60% dos casos, a vítima era um menino. Mas a mídia raramente mostra histórias de mães violentas ou que mataram seus filhos, deixando o público com a falsa impressão de que os pais – e não as mães – são o grande risco para as crianças.

Em um estudo avaliando homicídios de crianças com menos de 2 anos de idade nos EUA, viu-se os homens eram responsáveis por 83% dos casos de óbito decorrente de surras e espancamentos, ao passo que as mulheres eram responsáveis por 70% dos infanticídios envolvendo envenenamento, afogamento, uso de objetos perfurantes, ou retirada de comida e água. Ou seja: pais e mães matam; o que difere é apenas o método.

No Brasil, segundo informações do DataSus, cerca de 290 crianças entre 0 e 9 anos de idade são assassinadas no país a cada ano:

  • 2010 = 280
  • 2009 = 318
  • 2008 = 277
  • 2007 = 299

Considerando que as estatísticas mundiais de infanticídio apontam que as mães são as perpetradoras do crime em 50-70% dos casos, temos que cerca de 100-200 crianças assassinadas pelas mães no Brasil anualmente. É um número quase tão relevante quanto o de vítimas de crimes classificados como homofóbicos – mas você tem visto alguma discussão sobre mães assassinas por aí?

O JOIO E O TRIGO

O diagnóstico da violência como um todo é tão tendencioso e pernicioso que os governos, a polícia, as leis, os promotores de justiça, os presídios e muitas outras instituições sustentadas por impostos dos contribuintes financiam programas mais baseados em uma ideologia de gênero perniciosa que em estudos científicos responsáveis.

Para que o infanticídio se torne um assunto sério, é preciso separá-lo dos estereótipos vendidos há décadas como uma versão da realidade. É preciso abordar todo o espectro da violência familiar e não apenas – como tem sido feito com extrema diligência – as vítimas femininas adultas.

Quando falamos de violência, colocar todo o foco da atenção sobre preconceitos de raça, brados de feminicídio e revolta por crimes homofóbicos não significa justiça social: é apenas outra oportunidade perdida para começar a consertar realmente o problema. Ninguém é a favor de colocar um ponto final na violência mais que suas principais vítimas fatais: os próprios homens.

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