HOMENS E MULHERES TÊM SALÁRIOS DIFERENTES?

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A BBC, emissora de TV pública da Grã Bretanha, recentemente publicou os dados sobre salários de seus funcionários que ganhavam igual ou acima de US$195.000 por ano, provocando furor entre as feministas: metade do staff da BBC é composta por homens, mas entre os 96 maiores salários da lista, apenas 1/3 eram do sexo feminino.

Em uma petição, as representantes feministas disseram que esta era uma evidência contundente de que a BBC pagava menos às mulheres que aos homens pelo mesmo trabalho. Todavia, um estudo envolvendo 8,7 milhões de trabalhadores na Grã-Bretanha descobriu que esta diferença – quando existe – é de 1%. Na maioria dos países europeus, a discrepância é igualmente pequena.

Ainda assim, fica a dúvida: será que as mulheres realmente ganham menos que os homens quando desempenham o mesmo trabalho?

RESULTADOS DAS PESQUISAS DE CAMPO

Com esta premissa em mente, o economista Andrew Chamberlain tabulou informações de mais de 504.000 trabalhadores norte-americanos e descobriu que, em 54% dos casos onde se observava diferença de salários entre os gêneros, esta diferença poderia ser explicada pelo fato de as mulheres trabalharem em setores industriais que sabidamente pagam menos e aceitarem vagas que oferecem salários menores.

Resultados semelhantes foram encontrados em uma pesquisa da Fundação de Economia e Estatística do governo do Rio Grande do Sul. Após analisar 100 mil salários, os economistas Guilherme Stein e Vanessa Sulzbach concluíram que as mulheres brasileiras ganham 20% menos que os homens – mas só 7% dos casos não podem ser explicados pela diferença de produtividade.

A conclusão de Stein e Sulzbach converge com dados da economista Claudia Goldin, de Harvard, que encontrou uma porcentagem um pouco menor (5%) que não pode ser explicada pela produtividade.

UMA VERDADE INCONVENIENTE?

O ambiente profissional não se encontra imune de discriminações das mais diversas ordens, mas, quando avaliamos homens e mulheres, o problema principal em relação aos salários não está em pagamentos diferentes para o mesmo trabalho. Está, sim, no fato de que as mulheres, em geral, tendem a escolher posições menos arriscadas e menos competitivas, preferindo organizações com foco menos agressivo no lucro e na produtividade. Além disso, começam a trabalhar mais tarde, tem uma jornada menor e interrompem a carreira com mais frequência.

Basta levarmos em consideração itens como nível de formação universitária, experiência prévia, ocupação, cargo e localização do trabalho, e as diferenças de remuneração entre homens e mulheres praticamente desaparecem.

Qualquer discurso sobre desníveis salariais entre os gêneros que não releve estes dados é uma cruzada de autopiedade em busca de mais comiseração e privilégios – e não de direitos iguais -, algo bem longe da realidade do mercado de trabalho e ainda mais distante de qualquer mudança prática.

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