OS FUNDAMENTOS MORAIS DA ESQUERDA E DA DIREITA

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O americano Jonathan Haidt é um psicólogo social, e professor e Liderança Ética na Stern School of Business da New York University. Seu trabalho de pesquisa enfoca as bases da moralidade em diversas culturas

No livro “A mente moralista: por que boas pessoas são divididas pela política e pela Religião” (2013), Haidt elaborou seis fundamentos Morais que, segundo ele, utilizamos para definir os espectros políticos de Esquerda e Direita:

1) O Fundamento Cuidado & Dano: para maximizar os cuidados e minimizar os danos, elaboramos leis que protegem os vulneráveis e punem aqueles que são cruéis. As ideologias de Esquerda baseiam boa parte ou todo seu discurso neste Fundamento.

2) O Fundamento Justiça & Trapaça: procuramos pessoas dispostas a auxiliar-nos em nossos objetivos e punimos pessoas que trapaceiam nesta empreitada. À Esquerda do espectro ideológico, Justiça frequentemente implica em Igualdade e Equidade. À Direita, significa Proporcionalidade: as pessoas não devem receber o mesmo, mas em proporção à suas contribuições.

3) O Fundamento Lealdade & Traição: apesar do avanço do Neolítico e da sofisticação de nossas tecnologias, continuamos todos tribais em um grande sentido. Amamos as pessoas que são leais, pois elas nos deixam mais poderosos e menos suscetíveis ao insucesso. Por razões diametralmente opostas, desprezamos a traição. No espectro politico, a Esquerda emprega este fundamento na direção de um Universalismo e para longe do Nacionalismo. A Direita, obviamente, procede de modo inverso a isto.

4) O Fundamento Autoridade & Subversão: a autoridade tem um papel central em nossos Julgamentos Morais. É a autoridade quem guarda a Ordem e nos protege do caos. O Fundamento do respeito à Autoridade está no núcleo das ideologias de Direita. Em contrapartida, a Esquerda se define pela oposição à hierarquia, à desigualdade e ao poder centralizado – pelo menos em teoria, pois na prática a Esquerda procede de modo bem análogo à Direta, mudando-se apenas a natureza das ações da Autoridade à qual presta continência.

5) O Fundamento Santidade & Degradação: independente do estágio evolutivo, os humanos sempre consideraram certas coisas “intocáveis”. Por consequência, procuramos defender objetos, ideais ou instituições e qualquer outra coisa que consideremos “sagrados”. Por exemplo: pessoas à Direita do espectro político falam sobre a santidade da vida e do casamento. Apesar de pessoas à Esquerda desdenharem disso, elas também têm suas “santidades”, e valorizam produtos “orgânicos”, a identidade de gênero, o feminismo, o igualitarismo por meio de cotas, o assistencialismo financeiro, e vivem emitindo alertas contra a degradação do meio ambiente e demonizando o capitalismo.

6) O Fundamento Liberdade & Opressão: apesar de os humanos ansiarem por algo ou alguém que represente uma autoridade legítima capaz de evitar o caos, não queremos que esta autoridade avance o sinal e se torne uma tirania. Tanto a Esquerda quanto a Direita discursam contra a opressão e desejam a liberdade, mas enxergam a “liberdade” por óticas diferentes: a Esquerda vê “liberdade” como mais atenção e ações do Estado para resgatar os excluídos, os oprimidos e outras “vítimas” da sociedade. A Direita vê “liberdade” como menos intervenções do Estado em seus assuntos particulares e profissionais.

Apesar de um tanto controverso, Haidt é um cara que merece atenção. Recomendo que pesquise por artigos dele na internet – você encontrará aos montes. Em especial, procure saber sobre o que é a Estupefação Moral de Haidt (“Moral Stupefaction”). Verá que este é um assunto mais que atual.

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