LIÇÕES DO PASSADO PARA O ENSAIO DA ESCOLA DE SAMBA “PRIMAVERA ÁRABE TUPINIQUIM”

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A Primavera Árabe consistiu de movimentos contra a opressão e em busca de democracia que irromperam em alguns países do Oriente Médio e do Norte da África entre 2010 e 2011. Bahrein, Egito, Líbia, Síria, Tunísia e Iêmen foram os “pontos mais quentes”.

Os protestos foram motivados por fatores seculares como “mais dignidade”, “mais liberdade” e “mais respeito aos direitos humanos”. Contudo, em alguns países, as tensões religiosas foram um tempero importante e partidos islâmicos ganharam poderes na Tunísia e no Egito. No final, apenas a Tunísia conseguiu alguma democracia. O Egito derrapou na curva, e Líbia, Síria e Iêmen entraram em uma espiral terrível de guerras civis.

A Internet e as Redes Sociais foram ferramentas estratégicas para mobilizar os manifestantes durante a Primavera Árabe, documentando e disseminando as injustiças cometidas pelo Estado. Não obstante, mais de 10 anos após as manifestações, o resultado real foi um aumento das restrições para acesso ao ciberespaço e aprovação de leis para censurar, perseguir e prender qualquer pessoa que faça postagens anti-governo. Apenas a Tunísia conseguiu aumentar a liberdade de expressão – graças à promulgação de uma nova constituição em 2014 e a criação de agências anticorrupção.

Na média, a liberdade de imprensa nos países envolvidos, que já era ruim, piorou. Por exemplo: no Egito, o general Abdel Fatah Al-Sisi, Chefe das Forças Armadas e Ministro da Defesa desde 2012, e eleito Presidente em 2014, conseguiu dar ao país o título de “nação que mais prende jornalistas em todo o mundo”. Hoje, aos 67 anos de idade e do alto de seus 1,66 m de altura, Al-Sisi segue empregando táticas anti-democráticas para se perpetuar no poder, incluindo prisões de dissidentes e fraudes eleitorais, transformando o Egito em uma ditadura sob seu controle com apoio das forças armadas e setores religiosos da sociedade.

A qualidade de vida não melhorou de modo significativo em nenhum dos países envolvidos no “levante”. Os índices de pobreza – especialmente nas regiões rurais – continuam altos. A “revolução” produziu ganhos bem modestos em termos de liberdades políticas, direitos sociais e avanços econômicos para os habitantes das regiões envolvidas. Em contrapartida, a convulsão generalizada produziu violências horríveis e duradouras, migrações em massa e acentuação da repressão em muitas partes.

Deveríamos refletir seriamente sobre essas lições antes de darmos nossos próximos passos. Infelizmente, em um país de 214 milhões de habitantes, sendo quase 30% da população no nível do analfabetismo funcional e um QI médio de 83, solicitar que a massa “reflita seriamente” parece ser um pedido tão estranho quanto entrar em uma oficina mecânica e solicitar um bife de orquídeas ao molho de feijão com pipocas.

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