BOLSONARO, A CLOROQUINA E A RAZÃO

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Em 2005, pesquisadores da Divisão de Doenças Virais e por Rickettsias do CDC de Atlanta (EUA) avaliaram o papel da Cloroquina em infecções por Coronavírus (CoV).

Na época, a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) causada por CoV era uma doença nova e havia nenhuma informação sobre recursos medicamentosos para prevenir ou tratar o problema. Desafiados pela situação, cientistas do CDC começaram a testar várias drogas, dentre elas a Cloroquina.(1)

Eles pegaram algumas células, infectaram-nas com CoV, e deixaram as coitadinhas em uma incubadora por 18h.

Uma vez confirmada a infecção por meio de análise com imunofluorescência indireta, eles temperaram o caldo com Cloroquina. O que viram foi que concentrações tão baixas quanto 0.1–1 μM de cloroquina eram capazes de reduzir a infecção viral em 50%, e concentrações de 33–100 μM curavam até 94% das células.

Curiosos com esses resultados, os cientistas pensaram: e se tratássemos as células com Cloroquina ANTES de infectá-las com o vírus?

Os pesquisadores do CDC então pegaram algumas células e as trataram com concentrações diversas de cloroquina (0.1–10 μM). Depois de 24h no “banho”, as células foram infectadas com SARS-CoV e depois examinadas no microscópio.

Os cientistas observaram que concentrações tão baixas de cloroquina quanto 0.1 μM já eram suficientes para reduzir a infecção em 28%, e concentrações de 10 μM simplesmente IMPEDIAM a infecção pelo vírus em 100% dos casos.

Os resultados publicados pelo CDC de Atlanta em 2005 já mostravam que a Cloroquina é um agente eficaz para TRATAR E PREVENIR a infecção por SARS-CoV “in vitro”.

Ou seja: quando se trata de coronavirose, a Cloroquina tem um papel tanto TERAPÊUTICO quanto PROFILÁTICO, sendo que seus efeitos no tratamento são mais potentes quando a droga é administrada até 5h após a infecção. Em outras palavras: quanto mais cedo iniciar o tratamento, melhor.

E tudo isso não serve apenas para o SARS-CoV: serve também para vários outros tipos de Coronavírus, como mostrado – curiosamente – por um estudo publicado em 2003 (HÁ 17 ANOS!!) na prestigiada revista médica Lancet E CONDUZIDO POR CIENTISTAS ITALIANOS do Departamento de Doenças Infecciosas da Università Cattolica del Sacro Cuore, em Roma.(2)

O fato é que a Cloroquina se mostrou eficaz para inibir a infecção e impedir a disseminação de CoV em culturas celulares. Isto, aliado ao fato de que ela é um medicamento conhecido desde 1934; relativamente seguro, eficaz e barato; e largamente utilizado há décadas para tratar doenças infecciosas como malária, amebíase e HIV, a torna uma candidata mais que natural E ÉTICA para o enfrentamento da epidemia.

E não apenas para tratar pacientes infectados e doentes, mas também para controlar a própria disseminação do coronavírus.

Por mais que você torça o nariz, os estudos científicos apontam para um fato recorrente em nossa história política recente: BOLSONARO TINHA RAZÃO.

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Referências:

1. Vincent MJ et al. Chloroquine is a potent inhibitor of SARS coronavirus infection and spread. Virol J. 2005 Aug 22;2:69.

2. Savarino A et al. Effects of chloroquine on viral infections: an old drug against today’s diseases? Lancet Infect Dis. 2003 Nov;3(11):722-7.

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