A INCRÍVEL CHANCE PARA A NOVA REVOLUÇÃO BRASILEIRA

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Praticamente todos os países Desenvolvidos passaram por uma fase que marcou a “virada de mesa” de suas sociedades: uma fase chamada INDUSTRIALIZAÇÃO.

Mas não qualquer industrialização, e sim a industrialização “do modo certo”.

Como seria isso?

Na maioria dos casos, a Industrialização tem como semente a produção de BENS PRIMÁRIOS (madeira, mercadorias agrícolas, minérios, etc), que gera reservas suficientes para que o sistema migre para a geração de BENS INTERMEDIÁRIOS (coisas que utilizamos para produção de outras coisas, como tecidos, aço, concreto, etc) e BENS DE CAPITAL (máquinas e equipamentos).

Completados estes 3 primeiros passos, a matriz pode então ser maturada com a produção de BENS FINAIS (bebidas, vestuário, calçados, automóveis, eletrodomésticos, etc).

É assim que um processo de industrialização saudável acontece:

BENS PRIMÁRIOS => BENS INTERMEDIÁRIOS => BENS DE CAPITAL => BENS FINAIS.

Pelo menos, quase sempre é…

Mas como esse processo todo ocorreu no Brasil?

Para fins didáticos, vamos dividir a escada da industrialização brasileira em 3 degraus: 1785 a 1930; 1930 a 1956; e 1956 até aqui. Vamos a eles:

O PRIMEIRO DEGRAU

Até 1785, o Brasil era essencialmente um quintal de Portugal, mas nossa indústria têxtil estava se expandindo a passos rápidos.

Para evitar a concorrência, em 5 de janeiro de 1785, um decreto real extinguiu todas as manufaturas por aqui. Porém, em 1808, quando Napoleão forçou a mudança da família real portuguesa para o Brasil, D. João VI revogou o decreto e publicou leis que encorajavam a atividade industrial.

Infelizmente, os incentivos foram insuficientes: a escravidão ainda estava presente e faltavam trabalhadores livres e assalariados para formar um mercado consumidor. Além disso, as elites do café não estavam lá muito animadas para investir na indústria.

Em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós – que proibia o tráfico intercontinental de escravos -, uma parte considerável do dinheiro que era aplicado na compra de escravos se tornou disponível. Ávidos por mão de obra, os cafeicultores passaram a contratar imigrantes às pencas, e estes imigrantes trouxeram consigo não apenas novas técnicas de produção, mas também aquilo que faltava: o bendito MERCADO CONSUMIDOR.

A abolição da escravatura em 1888 representou o golpe final no antigo sistema econômico colonial. Ainda que revoltados, os produtores rurais foram obrigados a se adaptar mais uma vez aos novos tempos, e fizeram isso utilizando ferrovias, portos e outras estruturas anteriormente envolvidas na produção e transporte de café, para servir ao setor industrial.

O avião começou a querer decolar: entre 1881 e 1920, a quantidade de estabelecimentos industriais no Brasil passou de 200 para mais de 13.000 empresas.

Porém, nessa época, a agricultura ainda desempenhava um papel importantíssimo em nossa economia. E a re-nascente indústria, apesar de ágil, cometeu um deslize e saltou as etapas de BENS INTERMEDIÁRIOS e BENS DE CAPITAL, se tornando especialista na produção de BENS FINAIS, como alimentos, vestuários, sabão e velas.

O SEGUNDO DEGRAU

Vendo que o barco da história estava passando e nos deixando para trás, e aproveitando a série de eventos que provocaram a Revolução de 1930, Getúlio Vargas tomou o poder e inaugurou, entre outras coisas, um modelo de Capitalismo de Estado focado principalmente em uma política industrializante.

A política de Getúlio foi favorecida pela crise desencadeada com o início da 2ª Guerra Mundial, em 1939, que reduziu as importações e deu à nossa indústria um fôlego extra com a diminuição da concorrência estrangeira.

Porém, apesar do desenvolvimento da atividades no setor de minerais, metalurgia e siderurgia, as indústrias brasileiras, ao invés de investirem pesadamente em BENS INTERMEDIÁRIOS e BENS DE CAPITAL, insistiram em um modelo de BENS FINAIS, fazendo apenas a montagem de peças produzidas e importadas do exterior.

De novo, jogamos a chance fora ao pularmos duas etapas essenciais para fazer acontecer nossa Revolução Industrial…

O TERCEIRO DEGRAU

Na década de 1950, além do pulo indevido, a falta de energia elétrica, de petróleo, e de uma rede de transporte e comunicação eficientes travou nossa marcha industrializante.

Para completar, o suicídio de Getúlio na madrugada de 24 de agosto de 1954, a renúncia de Jânio Quadros em 1961, a posse do controverso vice-presidente João Goulart e as discussões em torno de presidencialismo ou parlamentarismo não ajudaram muito.

Para tentar colocar ordem nessa bagunça toda, em 1964, os militares assumiram o Governo Federal e retomaram o crescimento industrial brasileiro.

Entretanto, a entrada intensa de empresas e capitais estrangeiros terminaram sufocando as tentativas de crescimento de nosso parque industrial voltado para BENS INTERMEDIÁRIOS e BENS DE CAPITAL, e nos tornamos dependentes industrial e tecnologicamente dos países com economias mais consolidadas.

A solução adotada pelo Regime Militar para estimular a indústria foi criar linhas de financiamento voltadas para o consumo. Com mais dinheiro no bolso e com juros mais baixos, a capacidade aquisitiva da classe média aumentou imensamente e, entre 1968 e 1973, o Brasil teve taxas de crescimento econômico acima de 10% ao ano!

Mas pessoas de classe média consomem principalmente o que? Minério de ferro, aço, máquinas e equipamentos? Ou bebidas, vestuário, calçados, automóveis e eletrodomésticos?

Então, MAIS UMA VEZ, o “salto industrial” brasileiro foi feito às custas de PULAR a etapa de indústrias DE BENS DE CAPITAL e BENS INTERMEDIÁRIOS, e colocar toda sua energia NOVAMENTE na produção de BENS FINAIS…

Parece uma maldição, não?

Se isso não fosse ruim o suficiente, os incentivos econômicos e as dívidas assumidas resultaram em um prolongado período de hiperinflação e estagnação.

O retorno da Presidência da República para as mãos de civis NÃO mudou a mentalidade míope com relação à importância da matriz industrial.

O governo Sarney tentou promover o crescimento da economia SEM fazer uma contraparte de austeridade fiscal ou focar em Bens de Capital e Bens Intermediários. Isso deu muito, mas muito ruim: entre as décadas de 1980 e 1990, a Indústria brasileira atrofiou, saindo de um crescimento de 9% em relação PIB no começo dos anos 1980 para -0,2% no começo dos anos 1990.

FAZENDO UMA ENTRADA TORTA NO SÉCULO XXI

O século XXI viu a estupidez estratégica voluntária seguir em frente: no início de 2016, após dois anos de queda, a produção industrial brasileira apresentou uma queda de 18% em relação ao início 2014.

Como era esperado, devido ao fato de terem um acesso mais restrito ao crédito e menos reservas para suportar o aperto, as pequenas empresas (responsáveis pela METADE dos empregos na indústria) foram as que mais sofreram.

A soma de todos esses equívocos torna claro o preço que ainda estamos pagando por termos nos atrasado MAIS DE 100 ANOS em fazer nossa Revolução Industrial corretamente.

Estamos mais de 1 século atrasados industrial e tecnologicamente em relação a países como Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos, Japão e outras nações que ingressaram no processo de industrialização no momento em que a Primeira Revolução Industrial apareceu no mundo.

Enquanto a Europa vivia a Revolução Industrial, o Brasil ainda estava no regime de economia colonial. Só fomos provar um gostinho do que era isso em meados da década de 1930, e mesmo assim o fizemos de várias maneiras erradas: concentramos demais a indústria na produção de BENS FINAIS.

Mesmo tendo um país com a 6a maior extensão territorial do mundo, concentramos os empreendimentos industriais em uma única região – o Sudeste do país.

Mesmo tendo um país com a 6a maior população do mundo, empregamos poucas pessoas na indústria: em 1920, apenas 3% de nossa população economicamente ativa (PEA) estava envolvida com atividades industriais. Em 1940, este porcentual havia aumentado para apenas 7%. Em 1964, a Indústria respondia por 29,9% do PIB Brasileiro. Um índice quase igual ao observado na mesma época em países como EUA, Japão, Itália, Holanda, Canadá e Noruega. Porém, a indústria continuava empregando apenas 8% dos trabalhadores da PEA – TRÊS VEZES MENOS QUE A MÉDIA DOS OUTROS PAÍSES citados.

Foi somente depois de terminarem de configurar a matriz de seus parques industriais, com empresas solidamente instaladas principalmente nas áreas de BENS DE CAPITAL e BENS INTERMEDIÁRIOS, que os países desenvolvidos passaram a migrar sua força de trabalho para a área de SERVIÇOS (Setor Terciário): a PEA de países desenvolvidos, como os Estados Unidos, já se encontra concentrada em 70% no Setor Terciário.

Mas o Brasil, ANTES de resolver a questão da produção de BENS DE CAPITAL e BENS INTERMEDIÁRIOS, pulou para a produção de BENS FINAIS e, daí, para o Setor Terciário: atualmente, quase 73% de nossa força de trabalho está na área de serviços, e apenas 20% está na indústria pesada, aquela produtora de matérias-primas de base, máquinas e ferramentas.

Com tudo isso, fica bem claro que, se pretendemos nos tornar uma nação Desenvolvida, temos que quebrar esse paradigma pernicioso e retomar o dever de casa onde paramos: precisamos migrar a mão de obra do Setor Terciário para a Indústria de BENS DE CAPITAL e BENS INTERMEDIÁRIOS. É aí que está o elo que falta para nosso derradeiro salto grandioso.

Mas como fazer isso?

O VENDAVAL E A SAÍDA

Deslocar a mão de obra do Setor Terciário (de serviços) para o Setor Secundário (de indústria) exige mudanças na legislação trabalhista, nas leis de impostos, na melhora da infra-estrutura geral, nos acessos a créditos e financiamentos e, PRINCIPALMENTE E ACIMA DE TUDO, na MENTALIDADE DA POPULAÇÃO.

É preciso que o povo saia de sua zona de conforto e assuma a natureza empreendedora que habita no íntimo de todos os seres humanos. Durante mais de 95% do tempo de existência de nossa espécie neste planeta, fomos nômades industriosos, vivenciando desafios e encontrando soluções incríveis para problemas enormes.

A própria massa de pessoas que formou esse país tem esses mesmos genes: são migrantes que vieram para um local selvagem, um ecossistema desafiador e completamente diferente daquele de sua origem, e ainda assim construíram um país imenso. Temos dentro de nós tudo que é necessário. Só precisamos de algo que quebre o “cristal” dessa bolha para libertar nosso potencial.

E então, em pleno 2020, damos de cara com quem? Com a pandemia de Covid-19 patrocinada pelo Partido Comunista Chinês!

Direta ou indiretamente, as estratégias de enfrentamento contra o Covid-19 sacudiram os tecidos sociais, políticos e econômicos de todas as nações.

No Brasil, o Covid-19 mostrou a fragilidade de nossa economia fundada na Prestação de Serviços: o Setor Terciário é o elo mais frágil da corrente econômica.

Lojas de moda e vestuário, restaurantes, hotéis, papelarias, oficinas mecânicas, escolas de idiomas, empresas envolvidas com lazer, turismo, segurança, entretenimento… em uma crise grave, qualquer tipo de comércio que envolva o Setor Terciário começa a desabar e vai à lona antes de todo o resto.

Como o Setor Terciário emprega 62,4 milhões de pessoas no Brasil, é fácil ver que uma quebradeira aí provocará uma onda de desemprego monumental.

Mas a crise do Covid-19 não está a caminho: ela JÁ ESTÁ ENTRE NÓS. Lembre-se de agradecer ao Partido Comunista Chinês por isso.

E há pouco ou quase nada que o Governo Federal possa fazer para impedir a chegada desse tsunami. Algumas medidas paliativas serão tomadas, mas nada impedirá que o nível da água suba.

Porém, uma hora a água irá baixar. E teremos milhões de pessoas disponíveis e interessadas em recuperar suas rendas. E teremos também aquilo que temos agora: um Governo Federal austero, resiliente, técnico e competente o suficiente para pegar esse limão e fazer dele uma bela limonada.

Poderemos, finalmente, por meio da nova disposição popular, fazer as mudanças necessárias na legislação e direcionar as linhas de financiamento não para a construção de portos bilionários em países socialistas ou de estádios de futebol nababescos no meio do mato, mas para o crescimento de nossas indústrias de BENS DE CAPITAL e de BENS INTERMEDIÁRIOS.

Se o golpe dado pelo Partido Comunista Chinês foi trágico do ponto de vista de saúde pública, ele nos ofereceu uma chance de ouro para virar a mesa a nosso favor no segundo tempo de jogo.

Temos as pessoas certas no Governo Federal. Temos em Jair Bolsonaro um líder extremamente focado, leal e patriota. Temos ministros talentosos e visionários. Temos parcerias internacionais notáveis. E temos um povo a cada dia mais consciente, mais unido e mais vibrante que nunca.

A tempestade que chegou está preparando nosso campo para uma era de Ordem e Progresso admiráveis.

Quem estudou um pouco, já percebeu isso.

Quem não estudou, perceberá em breve. Bem em breve.

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