A PARANOIA DO LOCKDOWN BRASILEIRO

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O Lockdown é uma medida extrema de saúde pública para lidar com epidemias. Ele envolve o fechamento de escolas, igrejas, fábricas, hotéis, bares, restaurantes e várias formas de comércio, além de cerceamentos para atividades de trabalho, proibições de permanência em locais públicos (inclusive praças e praias), e até mesmo proibições para encontrar amigos e familiares.

Assim, tendo este conceito em mente, tabulando os dados do número de mortes por milhão de habitantes (MMH) e utilizando fontes noticiosas de diversos países, foi possível classificar a estratégia de quarentena adotada por 66 nações listadas no site Worldometers.

Destas, 42 (64%) adotaram Lockdown desde o princípio ou em algum momento após o início da epidemia por covid-19; e 24 (36%) NÃO empregaram Lockdown em qualquer momento, optando por estratégias como distanciamento social equilibrado e isolamento dos casos sintomáticos.

No mundo todo, a taxa de óbitos pelo covid-19 encontra-se em torno de 38 MMH.

Entre os países que adotaram estratégias amplas de Lockdown, a taxa de óbitos encontra-se em torno de 42 MMH. Estes países incluem Espanha, Itália, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Irlanda, Portugal, Dinamarca, Áustria, Alemanha, Noruega, EUA, Canadá, Panamá, Equador, Romênia, Turquia, Israel, República Tcheca, Hungria, Sérvia, Grécia, Croácia, Polônia, Bangladesh, Bulgária, Filipinas, Marrocos, Tunísia, Líbano, Ucrânia, Argentina, Peru, Egito, Iraque, Austrália, Bolívia, Malásia, Cingapura, Nova Zelândia, El Salvador, Paraguai, África do Sul, Kuwait e Índia.

Entre os países que NÃO adotaram estratégias amplas de Lockdown, a taxa de óbitos encontra-se em torno de 25 MMH. Estes países incluem Holanda, Luxemburgo, Suécia, Irã, Islândia, República Dominicana, Finlândia, Chile, Coreia do Sul, Bielorrússia, México, Uruguai, China, Arábia Saudita, Colômbia, Rússia, Japão, Indonésia, Tailândia, Hong Kong e Paquistão.

É honesto teorizar que os países que adotaram estratégias amplas de Lockdown procederam assim por apresentarem um índice médio de MMH quase 40% MAIOR que os países que NÃO adotaram. O Lockdown foi sua resposta para um quadro que consideraram emergencial.

Igualmente, também é honesto teorizar que os países que NÃO adotaram estratégias amplas de Lockdown procederam assim por apresentarem um índice médio de MMH quase 40% MENOR que os países que adotaram esta estratégia. Eles optaram por NÃO implantar Lockdown por NÃO considerarem necessárias medidas extremas para combater a pandemia.

Entretanto, se o Lockdown é realmente eficaz para diminuir o número de infecções e mortes pelo Covid-19, por que os países que NÃO adotaram o Lockdown continuam apresentando taxas de MMH menores?

Considerando os 10 países com o MAIOR número de mortes no grupo Lockdown e no grupo NÃO-Lockdown, vemos que os 10 países NÃO-LOCKDOWN apresentam uma média de 57 MMH – contra uma média de 170 MMH dos 10 países COM Lockdown.

Se o Lockdown é IMPRESCINDÍVEL, países NÃO-LOCKDOWN não deveriam estar contabilizando um número cada vez maior de mortos pelo vírus?

Mas não é isso que está acontecendo: os 10 países NÃO-LOCKDOWN com as MENORES taxas de MMH apresentam uma média de 12,5 MMH . Entre os 10 países Lockdown com as MENORES taxas de MMH, este índice encontra-se em 12 MMH –  praticamente o mesmo.

No cômputo geral, as nações que NÃO adotaram Lockdown seguem com taxas de MMH menores que as nações que adotaram esta medida.

No Brasil, a primeira morte por Covid-19 ocorreu em 23 de janeiro de 2020. De lá para cá, o número de mortes pela doença está em torno de 6 MMH em nosso país.

Se apresentamos um número médio de mortes 600% MENOR que a média mundial – e praticamente a METADE da média de mortes dos países que NÃO-ADOTARAM o Lockdown-, POR QUE ESTAMOS EM LOCKDOWN?

Junte-se a isto o fato de que um estudo publicado em março de 2020 pelo Departamento de Imunologia e Doenças Infecciosas e pelo Departamento de Epidemiologia da Universidade de Harvard (Kissler et al., Social distancing strategies for curbing the COVID-19 epidemic) mostrou, sem sombra de dúvida, que a transmissão de patógenos respiratórios – incluindo os coronavírus – tende a aumentar nos meses mais frios.

Ainda que as medidas de Lockdown sejam capazes de evitar o colapso do sistema de saúde, NINGUÉM sabe com qual intensidade e por quanto tempo essas medidas devem ser mantidas.

Os pesquisadores de Harvard concordam que períodos curtos de Lockdown provavelmente não são suficientes para evitar o colapso do sistema de saúde, pois terminam deixando uma parcela considerável da população sem imunidade contra o vírus, permitindo um rebote da epidemia quando as medidas são interrompidas. E este rebote tende a ser pior que o surto inicial caso as medidas de Lockdown sejam suspensas no inverno.

Por exemplo: se um período de Lockdown de 20 semanas produz uma redução de 60% no número de casos, a ausência do desenvolvimento de Imunidade de Rebanho provocará um ressurgimento da epidemia quase do mesmo tamanho – ou ainda maior – quando o Lockdown for suspenso.

Manter as medidas de Lockdown por tempo demais também pode empurrar a epidemia de Covid-19 para até 2022, com grandes custos para o sistema de saúde e consequências gravíssimas para a economia de qualquer país. Um quadro assim ocorreu nos EUA na pandemia de Influenza em 1918.

Até aqui, a única maneira judiciosa para enfrentar o Covid-19 consiste em empregar COM SENSATEZ medidas de distanciamento social e isolamento dos casos infectados, realizando o maior número possível de testes na população.

Fechar praias, escolas, igrejas; cancelar voos domésticos; impedir pessoas de trabalhar; perseguir pessoas nas ruas; prender pessoas em praças, e proibir pessoas de se encontrarem com amigos e familiares, ESTÃO LONGE DE CONFIGURAR QUALQUER SENSATEZ no enfrentamento da pandemia.

Medidas assim não são sanitárias, científicas ou eficazes. São apenas uma mistura perigosa de tirania, loucura e burrice no seu mais alto grau.

5 COMENTÁRIOS

  1. Dr. Alessandro, me chamo Pedro Bruco, moro em Santa Catarina e leciono Física em cursinhos a 25 anos, depois dos 45 anos resolvi fazer faculdade de Matemstica e fico aqui intrigado com os gráficos que meus colegas compartilham das mídias tradicionais. Um gráfico que nos mostre o número de infectados acumulados, sem nem mesmo, semana após semana, desconsiderar o número de infectados que estão curados e portando não mais compõem o número assustador de doentes. Noutra ponta, sabemos que o número de infectados seria 10 vezes maior que os apr sentados, mas ai, mostrados assim, implicaria em assumir o baixo índice de óbitos. Enfim, muitos colegas de profissão por aqui deixaram a muito tempo de praticar a boa e velha mania de pensar.

  2. Não sou especialista em nada…???
    Mas concordo em quase tudo ou tudo, partindo do princípio que, isolamento é sinônimo de afastamento.
    Temos que pensar que qdo. estamos isolados, a depender do tempo, ficamos vulneráveis à falta de contato físico, a informações “verdadeiras”, a adquirir “DOENÇAS”….OU seja, é o que algumas autoridades “loucas e gananciosas por poder e dinheiro” estão fazendo.
    A nossa imunidade física e mental estão indo para o poço, provocando mais doentes futuros e provocando o desespero na humanidade.
    VAMOS REPENSAR SE É O CERTO FICARMOS DENTRO DE CASA, LONGE DAS PESSOAS QUE AMAMOS; POIS TRISTEZA CAUSA DOENÇAS E A NOSSA IMUNIDADE FICANDO MAIS DEBILITADA.

  3. Parabéns pelo artigo, bem explicativo, tenho comércio e estamos sofrendo com isto, como todo brasileiro, uma pena que a população engole tudo que a mídia e a tv empurra, esperamos vencer mais este inimigo.

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